domingo, 7 de outubro de 2012

Dia 10 - As Terças-Feiras matam-me

2/10/2012

O Ricardo disse-me que o meu blog é muito "dear diary", pareço a Bridget Jones. Mas o Ricardo é brasileiro, e todos sabem que os brasileiros não devem muito à inteligência. Vês? Afinal continuo o mesmo xenófobo de sempre. (Sabes que gosto muito de ti puto, apesar de teres esse ligeiro atraso!)
Às terças feiras sinto que a minha vida é como aquele anúncio antigo da Nestum, só que em vez de ser das "nove às cinco" é das "nove às nove". Felizmente, o professor de Sistema de Garantias não ia dar a aula, portanto pude ficar a dormir até às 10 da manhã. Como habitual, cheguei à aula de Sistemas Políticos quando a aula já estava a começar, e estive duas horas a secar com o sistema Federal Alemão. Depois da aula fui para a Cafeteria, onde já soube fazer o pedido do meu pequeno almoço sem me engasgar e ter de explicar centenas de vezes o que é que realmente queria comer. Enquanto tomávamos o pequeno almoço, estivemos a discutir acerca das políticas económicas nos nossos diferentes países de origem e cheguei à conclusão que devia ter nascido na Suécia. Nunca vou perdoar a minha mãe por isso.
Na aula de Direitos Fundamentais, o Mário esforçou-se por explicar à imensidão de alunos Erasmus que assistem àquela cadeira, qual a forma de realizar o trabalho que temos para entregar. Acho que não teve muito sucesso, até porque ficámos todos na mesma. A única informação útil que todos retiveram, é que caso tenhamos uma festa antes da exposição oral do trabalho, devemos enviar-lhe um e-mail para ele nos trocar a data para outro dia que nos seja mais cómodo. Este homem merece um lugar no céu e quarenta virgens à espera dele. Quisemos escolher um tema para o nosso trabalho, mas entretanto a lista desapareceu nas mãos de um italiano e nunca mais ninguém a viu. O gajo deve ser familiar do Berlusconi ou assim.
Antes de ir para casa almoçar, fui comprar pão a uma padaria perto da estação dos autocarros, onde estava a decorrer uma campanha da Cruz Vermelha para fazer donativos. Como sou português, não podia doar porque não tenho conta bancária espanhola. Acho que é uma medida um bocado idiota, mas quem sou eu. No entanto, fiquei interessado em voluntariar-me e ajudar de outra forma, já que não o posso fazer monetariamente. Um destes dias tenho de ir ao centro para saber mais informações sobre isso. Mas é como eles dizem: "Não faças hoje o que podes deixar para amanhã."
Fui para casa almoçar e a siesta estava mesmo a chamar por mim. Felizmente consegui resistir à tentação e lá fui para a aula de Hacienda Pública, resolver exercícios sobre alguma coisa da qual não entendo nada. Excelente. Depois desta aula fui aturar o velho maluco que se acha muito ambientalista, que dá a cadeira de Técnicas de Ivestigação. Passámos duas horas a falar de como era a maneira mais correcta de colocar questões às pessoas num questionário. Alguém que me estoire os miolos por favor. Quero o Ramos Pinto de volta! Graças aos santinhos todos, levei o meu portátil para a aula, portanto pude estar o tempo todo no Facebook e nesse género de inutilidades.
Quando cheguei a casa, vim lavar a montanha de loiça que se acumulava e que ameaçava desabar provocando uma calamidade naquela cozinha minúscula. Enquanto a Inês estava na aula de dança, resolvi dar asas à minha veia culinária e tentar fazer um jantar fantástico. Almôndegas com molho de tomate, arroz branco e ervilhas. Obviamente, e apesar dos elogios que ela me teceu, eu sei que aquilo não ficou mais do que uma porcaria pegada. Mas ela não é burra, portanto preveniu-se e comeu cereais primeiro.
Por mais estranho que pareça, a coisa que mais gostei de fazer foi o refogado para o molho. Acho que não há nada como picar cebola para nos sentirmos uns verdadeiros chefs de cozinha, ao mesmo tempo que bebemos um copo de vinho branco, ouvimos Adele e choramos baba e ranho. "É bem."
Depois do jantar estávamos exaustos demais para o que quer que fosse. Portanto não houve o habitual cafézinho com a Madalena, a Inês não teve paciência para gritar com o namorado no Skype e eu fui esparramar-me na cama. A loiça, essa, era problema para um outro dia em que precisássemos de pratos lavados.

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