domingo, 14 de outubro de 2012

Dia 11 - Salamanca para tótos

3/10/2012

Adoro as quartas-feiras. Especialmente porque são depois das terças-feiras loucas, o que significa que o pior já passou e sobretudo porque é um indicador que a minha semana está a chegar ao fim. Por estranho que pareça, aqui a Quarta-Feira dá-me a mesma sensação que a Sexta-Feira me dá em Portugal. Até porque às Quintas só tenho uma aula de uma hora, o que faz com que na prática para mim o fim-de-semana comece às Quartas à noite.
Estava tão bem disposto que nem me preocupei com o facto de ir ter aula prática de Sistemas Políticos, que aqui são sempre aulas de debate, o que implica que os outros fiquem a conhecer o quão ridiculamente mau sou a falar espanhol. De qualquer das formas, tive alguma sorte, porque entrei na sala ao mesmo tempo de quarto alunos Erasmus, que falavam tão mal (ou pior) que eu e portanto ficámos todos no mesmo grupo. O professor obrigou um coitado de um espanhol a juntar-se a nós, para servir de porta-voz. Não lhe gabo a sorte, mas antes ele que eu. Resolvi convidar algumas pessoas para no dia a seguir virem jantar cá a casa, porque como ainda não conhecemos muita gente e temos demasiado tempo livre, aproveitávamos e dava para nos divertirmos. Escusado será dizer que fiquei o resto do dia a pensar no que raio é que ia fazer para o jantar e onde é que tinha a cabeça quando me lembrei de convidar alguém para o que quer que fosse. Enfim.
Depois da aula de Direito, fui mostrar à Tina onde era o apartamento. Aquilo estava uma confusão, mas ela achou que estava impecável, tendo em conta que vive com quatro rapazes brasileiros. É compreensível.
Como ainda eram 15h e já não tinha mais nada que fazer (melhor dizendo: que me apetecesse fazer, até porque havia uma grande pilha de roupa para passar a ferro...), resolvi ir com a Inês laurear a pevide como verdadeiros turistas. Estivemos a maior parte da tarde em ruas e sítios a que já tínhamos ido, até porque depois de já conhecer a cidade, não há muitas coisas que restem para ver. No entanto, perdemos grande parte do tempo na Plaza Mayor, num género de missão muito ao estilo de Indiana Jones, à qual nomeei "Em Busca da Gelataria Mais Barata Que Tenha o Sabor  Kinder Bueno". Esta missão deu frutos, porque apesar do tempo que demorámos, aquela onde comprámos era quarenta cêntimos mais barata do que a gelataria mais cara. Estamos a ficar uns ases na poupança doméstica. Quando voltámos para casa não nos apeteceu fazer grande coisa. Portanto foi mais uma noite de fazer nenhum, porque nem para um cafézinho saímos.

domingo, 7 de outubro de 2012

Dia 10 - As Terças-Feiras matam-me

2/10/2012

O Ricardo disse-me que o meu blog é muito "dear diary", pareço a Bridget Jones. Mas o Ricardo é brasileiro, e todos sabem que os brasileiros não devem muito à inteligência. Vês? Afinal continuo o mesmo xenófobo de sempre. (Sabes que gosto muito de ti puto, apesar de teres esse ligeiro atraso!)
Às terças feiras sinto que a minha vida é como aquele anúncio antigo da Nestum, só que em vez de ser das "nove às cinco" é das "nove às nove". Felizmente, o professor de Sistema de Garantias não ia dar a aula, portanto pude ficar a dormir até às 10 da manhã. Como habitual, cheguei à aula de Sistemas Políticos quando a aula já estava a começar, e estive duas horas a secar com o sistema Federal Alemão. Depois da aula fui para a Cafeteria, onde já soube fazer o pedido do meu pequeno almoço sem me engasgar e ter de explicar centenas de vezes o que é que realmente queria comer. Enquanto tomávamos o pequeno almoço, estivemos a discutir acerca das políticas económicas nos nossos diferentes países de origem e cheguei à conclusão que devia ter nascido na Suécia. Nunca vou perdoar a minha mãe por isso.
Na aula de Direitos Fundamentais, o Mário esforçou-se por explicar à imensidão de alunos Erasmus que assistem àquela cadeira, qual a forma de realizar o trabalho que temos para entregar. Acho que não teve muito sucesso, até porque ficámos todos na mesma. A única informação útil que todos retiveram, é que caso tenhamos uma festa antes da exposição oral do trabalho, devemos enviar-lhe um e-mail para ele nos trocar a data para outro dia que nos seja mais cómodo. Este homem merece um lugar no céu e quarenta virgens à espera dele. Quisemos escolher um tema para o nosso trabalho, mas entretanto a lista desapareceu nas mãos de um italiano e nunca mais ninguém a viu. O gajo deve ser familiar do Berlusconi ou assim.
Antes de ir para casa almoçar, fui comprar pão a uma padaria perto da estação dos autocarros, onde estava a decorrer uma campanha da Cruz Vermelha para fazer donativos. Como sou português, não podia doar porque não tenho conta bancária espanhola. Acho que é uma medida um bocado idiota, mas quem sou eu. No entanto, fiquei interessado em voluntariar-me e ajudar de outra forma, já que não o posso fazer monetariamente. Um destes dias tenho de ir ao centro para saber mais informações sobre isso. Mas é como eles dizem: "Não faças hoje o que podes deixar para amanhã."
Fui para casa almoçar e a siesta estava mesmo a chamar por mim. Felizmente consegui resistir à tentação e lá fui para a aula de Hacienda Pública, resolver exercícios sobre alguma coisa da qual não entendo nada. Excelente. Depois desta aula fui aturar o velho maluco que se acha muito ambientalista, que dá a cadeira de Técnicas de Ivestigação. Passámos duas horas a falar de como era a maneira mais correcta de colocar questões às pessoas num questionário. Alguém que me estoire os miolos por favor. Quero o Ramos Pinto de volta! Graças aos santinhos todos, levei o meu portátil para a aula, portanto pude estar o tempo todo no Facebook e nesse género de inutilidades.
Quando cheguei a casa, vim lavar a montanha de loiça que se acumulava e que ameaçava desabar provocando uma calamidade naquela cozinha minúscula. Enquanto a Inês estava na aula de dança, resolvi dar asas à minha veia culinária e tentar fazer um jantar fantástico. Almôndegas com molho de tomate, arroz branco e ervilhas. Obviamente, e apesar dos elogios que ela me teceu, eu sei que aquilo não ficou mais do que uma porcaria pegada. Mas ela não é burra, portanto preveniu-se e comeu cereais primeiro.
Por mais estranho que pareça, a coisa que mais gostei de fazer foi o refogado para o molho. Acho que não há nada como picar cebola para nos sentirmos uns verdadeiros chefs de cozinha, ao mesmo tempo que bebemos um copo de vinho branco, ouvimos Adele e choramos baba e ranho. "É bem."
Depois do jantar estávamos exaustos demais para o que quer que fosse. Portanto não houve o habitual cafézinho com a Madalena, a Inês não teve paciência para gritar com o namorado no Skype e eu fui esparramar-me na cama. A loiça, essa, era problema para um outro dia em que precisássemos de pratos lavados.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Dia 9 - O primeiro contacto com gente Não-Lusitana da Península Ibérica

Ou para os mais distraídos, o primeiro dia de contacto com espanhóis.
Segunda-Feira é sempre a mesma merda. Ninguém gosta, pelo simples facto de ser Segunda-Feira, e acordar às 8h da manhã, não ajuda ao meu mau humor matinal.
Fui para a aula de Sistema de Garantias, aquela porcaria é igual a Direito Administrativo, quero morrer. Depois daquela aula, fui ter com a Tina e a Anna à  Cafeteria para o primeiro encontro Erasmus da semana. O tempo passou a correr e entretanto lembrei-me de ir à biblioteca procurar um livro de que necessito, para ver se poupava 30 euros, porque aqui qualquer coisa que custe mais de 5 euros é muito para mim. Acabei por descobrir que a localização da entrada da biblioteca é um género de local secreto, porque quer eu, quer outras andorinhas Erasmus que encontrei pelo caminho e às quais me juntei, andámos mais de 20 minutos à volta do edifício para tentar descobrir alguma entrada que não fosse uma janela.
Não percebi nada daquela biblioteca. Não encontrei livro nenhum. Fui para casa almoçar porque isso é que importava.
Quando voltei de almoço e tive Hacienda Pública comecei a ver a minha vida a andar para trás. Não sei como é que vou passar àquela cadeira. O aspecto positivo foi que consegui conhecer três espanhóis (duas raparigas e um rapaz), que combinaram encontrar-se mais tarde comigo para me deixar copiar o livro que necessitava. Para aproveitar o tempo (que cá é uma coisa à qual já aprendi a dar valor, porque tenho de ser eu a fazer tudo), fui com a Inês às compras buscar algumas coisas que precisávamos. Mas passar no corredor dos chocolates e das bolachas é fatal como o destino para mim e para a Inês, que não somos nada gulosos... Comprámos um bolo Oreo para fazer, que ainda ali está guardado no armário. Só consigo pensar na hora em que vamos fazer aquilo, nesse dia já temos jantar.
Convidámos a Madalena para jantar e depois de ter chegado das compras, fui ter com os chicos espanhóis para irmos tirar a cópia do livro. Acabou por ser 27 euros mais barato que comprar o original, portanto o Roberto, a Nerea e a Pilar já merecem um lugar no céu. Ficámos na converseta e eles levaram-me a um café onde bebemos qualquer coisa e tive umas lições de espanhol à borla. Entretanto já passavam das nove e meia e a Madalena e a Inês estavam em casa à minha espera há mais de uma hora para jantar. O melhor disso é que supostamente era eu a cozinhar. Como a Inês é uma santinha, fez o jantar e quando cheguei já estávamos prontos a sentar e comer.
Passámos um serão agradável, fomos beber um cafezito e discutimos sobre quanto os irmãos mais novos são tão adoráveis e queridos. Ou não.

Como de costume só depois das 3h é que me consegui deitar. Mas aqui ando com os horários todos trocados. Deve ser o jet-lag.

P.S - Perdi o meu isqueiro, então ando com uma caixa de fósforos da cozinha para acender os cigarros. Acham todos que sou doente. O que nem é mentira de todo.

P.S 2 - Os espanhóis são um bocado burros e não sabem falar em Inglês. O Benôit achou que eu não devia dizer isto a plenos pulmões no meio da faculdade, correndo o risco de criar um incidente internacional, mas como eu lhe disse isto em inglês, no pása nada, porque eles obviamente não entenderam.

domingo, 30 de setembro de 2012

Dia 8 - Domingo a Isaura fica em casa

Domingo é igual em todo lado. Calle Navasfrias não é excepção.
Preguiça aguda o dia todo, vontade de não fazer nada, o dia inteiro de pijama enquanto se faz qualquer inutilidade durante horas a fio, mas parece que estamos muito ocupados.
Acordei a horas decentes, por volta das 13h30. Fui almoçar e achei que com o sol maravilhoso que estava pela primeira vez desde que tinha chegado, o que era mesmo bom fazer, era ir passear pela cidade. De qualquer das formas, era Domingo e Domingo é sagrado. Não podia tirar o pijama, não sou nenhum herege. Aproveitei então para fazer a lide doméstica. Como a Isaura não sabe o que são fim-de-semanas, fui lavar a loiça da noite anterior, arrumar a cozinha, arrumar o quarto, lavar a roupa e estendê-la. Foi uma proeza conseguir estender mais de 30 peças de roupa só com 10 molas. Viver para aprender. Sou tão lindo, não me canso de dizer isso a mim mesmo.
Ainda considerámos seriamente ir dar uma volta porque estava mesmo muito bom tempo. Mas também estava tudo fechado, nem valia a pena. Era melhor ficar a encher-nos de bolo de chocolate sentados no sofá enquanto tentava instalar o Sims 3. Para o jantar, a Inês cozinhou de forma deliciosa, para não variar.
Como não estávamos mesmo para nos chatear, a Madalena foi uma querida e veio ter connosco para beber café. Foi um dia muito improdutivo. Oh well.

Dia 7 - No pasa nada

No pasa nada, porque aqui fuma-se tudo.
Acordei já eram quase 14h. Estava sem paciência nenhuma para fazer almoço. Afinal era Sábado,  não era por isso que ia ser um dia diferente dos outros e de repente me ia dar vontade de cozinhar. Como já é habitual, o menu foi batatas fritas, salsichas e arroz, que à falta de melhor, sabem sempre a Caviar. Enquanto almoçava, descobri finalmente que o meu portátil tinha webcam. Não sou mesmo um ser dado à inteligência, já consegui perceber. No meu cérebro, definitivamente, no pasa nada.
Às 16h tínhamos combinado encontrar-nos com a Madalena. Como bons portugueses que somos, a essa hora a Inês ainda estava a dormir e eu ainda não tinha tomado banho. Ficou então reagendado o encontro lusitano para as 17h à porta do Colégio dos Maristas.
Com uma pontualidade impressionante, às 17h lá estávamos nós. Fomos passear pela cidade e buscar as chaves à casa nova dela, que era impressionante, tendo em conta o preço reduzido que estava a pagar. Conhecemos a senhoria dela, uma rapariga de pouco mais de 24 anos, a terminar o curso de Direito e com uma filosofia de vida fantástica.
Viemos mostrar a Calle Navasfrias à Madalena, que provou a falta de jeito para a hospitalidade que eu tenho. A única coisa que tinha para lhe oferecer era bolachas de chocolate, mas ela também não era esquisita portanto, no pasa nada. Como era a minha vez de fazer o jantar e tinha visto uma promoção fantástica na Telepizza, resolvemos aproveitar e fomos os três jantar fora. Comemos que nem alarves por apenas 5 euros, mas merecíamos, com a quantidade de quilómetros que fizemos a pé.
Como ainda era cedo, achámos por bem ir ao Erasmus Café, porque para além de ter um ambiente excelente, era um bom bar para lhe dar a conhecer. Chegados ao destino, a Paloma informou-nos que a partir das 23h30 já não se serviam cafés, a menos que lá tivéssemos jantado, e já eram 23h40, por isso era completamente impossível tirar a porcaria de três cafés. Tenho cá para mim, que aquilo era só a Paloma a ser uma cabra de primeira. Enfim, no pasa nada, bebemos sangria que também não é pior, mas tivemos que ser nós a ir buscá-la, porque o serviço de mesa, curiosamente, também tinha acabado de encerrar. É uma pena não poder utilizar o horário de funcionamento da minha carteira, como uma desculpa para não pagar.
Na mesa onde estávamos sentados, encontrá-mos a prova de que outros Alfacinhas povoam Salamanca:


Como onde mija um português, mijam logo dois ou três, achámos que tínhamos que deixar uma marca nossa também naquela mesa. Resolvemos pegar num papel e copiar a ideia:




Mas para mim, aquele que estava mesmooooooooo giro e que valia a pena fotografar era este:



Depois das lamechices, fomos para o "Bairro Alto" de Salamanca. Entrámos numa Chupeteria que era mais uma concentração de música bimba espanhola (mas isso é o habitual em todos os bares desta zona), mas valeu a pena, já que mais não seja pelo balde de sangria a 3 euros, que nestes bares foi um achado. Bom, bom, foi quando entrou um grupo de para aí quinze chineses, totalmente malucos com a música espanhola, a dançar que nem loucos e a gritar mais alto que todas as outras duzentas mil pessoas que ali estavam. Lindo, lindo, lindo. Pareciam gafanhotos amestrados a pular em conjunto ao ritmo da bimbalhice. Adorava vê-los a dançar Gangnam Style e Vida Loka!
Viemos para casa eram umas 3h e tal. Quando cheguei ainda me vim encher de chocolates, porque achei que estava mesmo a precisar.
Depois de um dia de trabalho intensivo como este, fomos para a cama descansar a pouca beleza que temos.



P.S - A minha net já está rápida, saquei o Sims 3 e as expansões todas em menos de 4 horas!

P.S 2 - Agora é que vai ser estudar.

P.S 3 - AHAHAHAHAHA.

P.S 4 - No pasa nada é a minha frase favorita de sempre.

P.S 5 - Depois de uma semana em Salamanca ainda não sei dizer mais do que cinco frases em espanhol.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Dia 6 - Um verdadeiro turista

Acordei com a cabeça pesada (do trabalho, só pode) às duas da tarde. Parecia mesmo que era Sábado, por não ter nada para fazer. A diferença, é que era Sexta-Feira. Vantagens de ser Erasmus.
Com o frio que estava, com o Sol escondido entre as nuvens cinzentas, era mais um dia em que não apetecia fazer nada. Fui almoçar, vesti as calças de fato treino, uma camisola, All Star e o chunga estava pronto a sair, mesmo sem ter tomado banho (após 5 dias já me estou a tornar um porcalhão, nem quero saber daqui a uns meses...).
Fui com a Inês até uma rua onde ela ia ter uma aula de Salsa grátis, deixei-a lá e resolvi armar-me em Dora a Exploradora. Peguei no meu mapa e fui por essas ruas fora. Como sou inteligente, não levei chapéu de chuva e o meu casaco era super fino, pelo que foi excelente quando começou a chover. Como verdadeiro explorador que sou, lá fui eu de mapa na mão, à chuva e a esperar não me perder por ali, porque o meu sentido de orientação é fraco mesmo com um mapa na mão.
Salamanca é uma cidade linda, apesar de ter visitado uma parte muito pequena. Adorei os cadeados na ponte Enrique Esteban com o nome dos pombinhos em juras de amor eterno. Vou pôr lá um cadeado só com o meu nome. Forever Alone.
Depois de me passear por igrejas, catedrais, jardins e ruas cheias de turistas, encontrei-me com a Inês no bar Erasmus e fomos chulados em 2,80€ por um chocolate quente. Regressámos para casa já passava das 20h30: está visto que não vamos conseguir jantar dia nenhum antes das 22h.
Como a Inês é uma fofinha, fez o jantar e o João arrumou a cozinha. Estávamos cansados demais para ir sair, para além que está a chover. Portanto ficámos a enfardar bolo de chocolate e a beber vinho branco, o que não é um programa pior. Amanhã combinámos ir ter com outra rapariga portuguesa e fazer-lhe uma visita guiada pela cidade. É pena é conhecermos tão pouco como ela, mas isso agora também não interessa nada.

Hasta luego chicos!


P.S - Ontem à noite quando fomos sair, reparámos que eles lavam todas as ruas com água durante a noite. Espero que aquela água não seja potável, porque senão é um desperdício de recursos ridículos (tendo em conta que cá até chove quase todos os dias). Tenho de ver se alguém me explica isso.

P.S 2 - Amanhã vão todos à Manif, porque é fixe e porque de qualquer das formas a vossa vida é chata e vocês também não fazem nada (eu sei isso porque estão a ler o meu blog).

P.S 3 - Todos os meus posts vão ficando mais pequenos à medida que passam os dias. O meu poder descritivo está a diminuir e o de resumo a aumentar. Consequências de Erasmus.

P.S 4 - Amanhã tenho de lavar a minha roupa e não sei pôr a máquina a trabalhar. Não é uma informação muito relevante, mas achei que iam gostar de saber.

Dia 5 - Ao 5º dia, Deus descansou

A Xana disse-me para eu ser menos descritivo no meu blog para ele não se tornar tão chato. Mas quem é que se interessa pelo que a Xana diz? (Se leres isto, sabes que eu gosto muito de ti!)
Quarta-Feira foi dia sagrado. Só tinha aula às 17h, portanto estive na ronha até às 15h. Só a essa hora é que me arrastei do quarto até à cozinha para comer qualquer coisa. Ainda assim, só me acabei de despachar às 18h, hora da aula prática do segundo turno.
Quando cheguei à faculdade, andei feito tótó à procura da sala, porque ainda não me entendo com estas aulas por turnos daqui. Entrei na sala de Direito da União Europeia por engano e ficou tudo a rir-se da minha cara, como seria de esperar. Para ser mais fácil, resolvi perguntar à rapariga que estava sentada no corredor se sabia alguma coisa da aula que eu queria encontrar. Como o meu espanhol ainda é uma coisa nojenta, aceitei a sugestão dela e falámos em inglês, até eu perceber que ela era brasileira. Ficámos logo numa animação quando percebemos que falávamos os dois a mesma língua. Aqui, ouvir a língua de Camões, equivale ao mesmo sentimento de felicidade de encontrar petróleo. Ficámos mais de uma hora na conversa, e descobri que esta semana não haviam aulas práticas, mas como não percebo nada do que eles dizem, dificilmente ia saber que não tinha aula. Que maçada, saí de casa para nada. Bem, ao menos sempre travei conhecimento com a rapariga.
Quando voltei para casa, já por volta das 19h30, fui com a Inês às compras. Estou numa de aprender a comparar preços, escolher o mais barato, visitar muitos supermercados para escolher o melhor. Cá, sinto-me indignado por ter de pagar cinco cêntimos por um saco de plástico, quando não levo sacos comigo. Cinco cêntimos ainda é dinheiro! Como sou eu a pagar, é dinheiro demais. (Mãe, quando estiveres a ler isto, aproveita e envia-me o teu cartão multibanco, para eu já não ter estas chatices.) De qualquer das formas, a conclusão das compras foi que as pizzas congeladas no Mercadona são um euro mais barato do que no Dia. Escandaloso.
Resolvi aprimorar a minha veia de cozinheiro e fiz almôndegas com arroz para o jantar. A Inês disse que estava bom, mas eu sei que ela estava a mentir. O arroz parecia papa e as almôndegas estavam mal cozinhadas por dentro. Não nasci definitivamente para estas lides domésticas.
Como não tínhamos feito nenhum o dia todo, estávamos frescos para ir sair. Saímos de casa já era quase uma e meia da manhã. Fomos ao bar Erasmus, que já estava obviamente a fechar. Depois disso, encontrámos o Bairro Alto de Salamanca. Só espanhóis loucos naquelas ruas, com os bares infestados de músicas latinas pirosas. Eu queria ir à festa de recepção de alunos Erasmus num bar qualquer que não sabia o nome nem onde ficava, então arrastei a Inês pelas ruas de Salamanca numa procura que se revelou fracassada. Acho que para a próxima convém pelo menos saber o nome do bar. Mesmo assim, passámos um bom bocado, apesar de termos andado quilómetros desnecessários. Exercício físico nocturno, somos tão saudáveis.
Cheguei a casa morto e já demasiado bem disposto. Tive a triste ideia de ir para o Facebook em vez de me ir deitar. Há coisas piores.

Vês Xana? Está resumidinho para tu leres aí no forno onde o sumo de laranja natural custa 49 cêntimos <3

P.S - Pela primeira vez falei no Skype com a minha família, que resolveu armar acampamento no meu quarto. Temo pela saúde do meu estimado quarto.